AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Como já estudamos, a Educação Básica no Brasil é composta de três etapas: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Como já explicamos a avaliação escolar na primeira etapa, agora iremos descrever a avaliação escolar no Ensino Fundamental.
Segundo a BNCC o Ensino Fundamental é dividido em Anos Iniciais e
Anos Finais. Os anos iniciais são formados pelos cinco primeiros anos, podendo
ser seriados ou divididos em 2 ciclos. Neste período, o objetivo principal é a alfabetização,
portanto, a avaliação irá se concentrar nisso. Os anos finais
vêm com mudanças
significativas na quantidade e na profundidade dos
conteúdos, mudando um pouco a forma de avaliar. Em todo o Ensino Fundamental,
no entanto, a avaliação tem como fundamento o desenvolvimento das habilidades e
das competências dos alunos e deve, portanto, ser formativa.
·
Anos Iniciais: a Alfabetização
Com o ingresso da
criança na escola aos 6 anos, todas as estratégias pedagógicas precisaram ser revistas pela gestão
e pelos educadores. Como se trata de
uma etapa longa, o Ensino Fundamental é dividido em Anos Iniciais e Anos Finais.
Os Anos Iniciais
são compostos pelo 1º ao 5º ano, e os Anos Finais do 6º ao 9º ano. Os primeiros anos podem ser divididos em dois
ciclos, de 2 e 3 anos, sendo que o primeiro ciclo deve
ser dedicado à alfabetização. O conceito de alfabetização vem sofrendo algumas
mudanças nas últimas décadas dentro e fora do Brasil.
Alfabetizar é fazer com que a pessoa consiga
decodificar a escrita, podendo ler e
escrever na língua usada nesse processo. O aluno consegue assim, dominar uma
técnica relacionada à gramática, à ortografia e ao léxico. A escola, no
entanto, precisa oferecer ao aluno, não apenas a alfabetização, mas também o
letramento. O letramento é um processo de compreensão, de interpretação e de
entendimento do que se lê, que se amplia para habilidades de expressão e
reprodução do conteúdo lido.
Assim, atualmente,
pensamos que os métodos de alfabetização precisam considerar também o
letramento. O método tradicional de alfabetização, baseado na cartilha e
na aprendizagem passiva do aluno perde espaço para novas teorias que tornem
a alfabetização mais dinâmica, mais contextualizada e mais ativa. No método tradicional, a
alfabetização é mecânica, preparando o aluno
para ler e escrever sem refletir sobre o conteúdo.
Embora consiga sucesso nisso, esse método ainda produz
muitos analfabetos funcionais.
Para que a alfabetização vá além da parte técnica e mecânica é preciso que haja uma contextualização do conteúdo, por isso, atualmente, o método sócio-histórico tem sido base de paradigmas educacionais nesse sentido. Ele pretende identificar aspectos relacionados à realidade do aluno e ao contexto sociocultural no qual a escola está inserida. Sendo assim, o ato de ensinar está intrinsecamente relacionado ao ato de aprender. Lev Vygotsky, psicólogo que desenvolveu essa teoria, afirmava que a alfabetização se iniciava antes de a criança ir para a escola, já que ela usava a linguagem socialmente e assim desenvolvia processos mentais que abririam caminho para adquirir a leitura e a escrita.
Esse aprendizado
pré-alfabetização foi melhor investigado por Emilia Ferreiro, que era
orientanda de Jean Piaget e, portanto, seguia uma linha psicogenética e
construtivista. A teoria construtivista defende que o ser humano aprende e se
desenvolve em um processo contínuo de adaptação e interação com o meio e seus
objetos. A partir da teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget, Emilia
Ferreiro se aprofundou nos processos mentais envolvidos na linguagem.
Os estudos de
Emilia com Ana Teberosky (1999) desviaram o foco da teoria de
alfabetização do professor para a criança. Sua teoria estudou os processos
mentais e as características envolvidas na fase que antecede a aquisição da
leitura e da escrita, assim como as ações envolvidas no decorrer do processo.
Para as autoras, a alfabetização passa por etapas, que se iniciam antes
dela, vejamos:
Ø
Pré-silábica: a criança não consegue relacionar as letras com os sons da
língua falada;
Ø
Silábica: a criança tem sua própria interpretação da letra, não a
relacionando aos sons correspondentes;
Ø
Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação
de algumas sílabas;
Ø
Alfabética: domina, enfim, o
valor das letras e sílabas.
Assim, a criança
vai construindo uma relação com a linguagem que se inicia na fase oral, passa pelos símbolos não-verbais e vai se ampliando para os códigos
da escrita. Portanto, a aquisição da escrita se inicia antes da mesma, quando a
criança desenha, arrisca suas próprias concepções sobre o alfabeto e sobre as
palavras. Ela desenha letras aleatórias dando significado a
elas, pois ainda não relaciona sons às grafias. Conforme vai sendo alfabetizada essa relação adquire
sentido e ela pode escrever e ler corretamente.
·
Anos Finais: Componentes Curriculares e suas ações pedagógicas
Os anos finais do
Ensino Fundamental recebem alunos entre 11 e 14 anos, ou seja, um período no
qual surgem inúmeras dúvidas sobre o corpo, relacionamentos e questões
pessoais, além de medos com relação à vida e o futuro. Adolescência é um
período de transição da infância para a vida adulta. Ser uma fase de transição,
no entanto, não significa que não tenha características próprias e que estas
não devam ser priorizadas no estímulo ao desenvolvimento.
Mesmo existindo características comuns, é importante dizer que a adolescência é vivenciada de maneira única por cada adolescente. O contexto social, familiar, cultural, o nível socioeconômico, enfim, o ambiente em que esse adolescente cresce e com o qual interage marca não só sua base, mas irá influenciar suas escolhas também. Além desse ambiente, também existem questões particulares como saúde física e mental, identidade de gênero, orientação sexual e aspectos étnico-raciais, entre outras questões. Assim, a escola precisa concentrar suas atividades pedagógicas no contexto desses alunos, para que o ensino seja significativo. Pensando nessa abordagem, a nova BNCC se preocupa com a contextualização dos conteúdos ensinados, com a aplicabilidade dos mesmos e com as práticas em sala de aula.
A BNCC estrutura os anos finais do Ensino Fundamental com os seguintes componentes curriculares:
ü
Língua Portuguesa;
ü
Arte;
ü
Educação Física;
ü
Língua Inglesa;
ü
Matemática;
ü
Ciências;
ü
Geografia;
ü
História;
ü
Ensino Religioso.
Além desses componentes, o currículo precisa
oferecer uma parte diversificada, a fim de que os conhecimentos escolares sejam
devidamente contextualizados diante das diferentes realidades. Como exemplo
temos: danças, literatura, teatro, robótica, música, oficinas, aulas
relacionadas à parte de tecnologia, entre outras que aprofundam temas dos
componentes regulares ou trazem elementos da vida social ou mercado de
trabalho.
Por fim, temos a seguinte estrutura para os nove
anos do Ensino Fundamental:
Fonte: https://www.pedagogiacriativa.com.br/2020/08/BNCC.html
·
A
Avaliação
Pensando nas orientações da BNCC para estas duas etapas do Ensino Fundamental, elencamos abaixo algumas formas para avaliar os alunos, relacionados ao que propõe o documento.(fonte:https://educacao.imaginie.com.br/avaliacao-escolar-de-acordo-com-a-bncc/):
· Atividades online: para elaborar uma
avaliação escolar de acordo com a BNCC, é indispensável o uso das tecnologias.
O estudante do século XXI faz parte da
geração Z e está acostumado a lidar com a tecnologia. Inclusive, é a própria
Base que recomenda o uso crítico e o manuseio dos aparatos
tecnológicos. Atividades online, como pesquisas, redações feitas por meio de
plataformas digitais, trabalhos digitados, simulados escolares virtuais etc,
estão de acordo com a BNCC e se mostram cada vez mais produtivos para o
desenvolvimento dos estudantes.
· Observações em sala de aula: acompanhar
o cotidiano dos alunos em sala de aula, identificar as dificuldades e
potencialidades das turmas;
· Acompanhamento periódico: a avaliação escolar
de acordo com a BNCC tem um papel central na educação dos alunos e não pode ser feita
somente no final do ano letivo. Assim, os professores precisam realizar
observações e registros ao longo de todo o ano para que, depois, tudo isso seja
reunido em um portfólio ou documento síntese. Os registros ajudarão a
nortear a prática de sala de aula e possibilitar um replanejamento das
atividades, sempre que necessário;
· Encontros e discussão de estudo: outra forma de avaliação escolar de acordo com a BNCC é reservar alguns momentos da semana para estudar e promover discussões com a equipe pedagógica sobre as diretrizes da BNCC. Isso trará mais clareza para os professores na hora de avaliar a turma de forma a identificar se os alunos estão realmente aprendendo o conteúdo passado.