EDUCAÇÃO NO CAMPO: PERSPECTIVAS E DESAFIOS

Trabalhar na área da educação é assumir compromissos e inúmeros desafios, um desses desafios diz respeito ao trabalho pedagógico a ser desenvolvido em turmas multisseriadas, isso não significa que não haja desafios na docência em turmas formadas por apenas uma série, porém, quando se trabalha com alunos de idades, séries, conhecimentos e níveis diferenciados em uma única sala de aula, os desafios tornam-se maiores. Como afirma Rosa (2008, p.228),

(...) a classe multisseriada é organizada, na maioria das vezes, pelo número reduzido de alunos para cada série, o que a caracteriza como mais do que uma simples classe. Ela representa um tipo de escola que é oferecida a determinada população e remete diretamente a uma reflexão sobre a concepção de educação com que se pretende trabalhar.

Segundo a autora, as turmas multisseriadas são turmas heterogêneas, compostas por crianças de idades, séries, comportamentos e conhecimentos diferentes, que dividem a mesma sala de aula e o professor -- o que também causa impactos no trabalho do educador com essa turma. Muitas vezes, sua função vai além do papel de professor, pois ele tem que desempenhar a função de vários profissionais dentro de uma escola.  Segundo Santos (2015), trabalhar em turmas multisseriadas consiste num enorme desafio para professores que lecionam no campo. Esses profissionais da educação sentem o peso de carregar a responsabilidade de exercer suas práticas docentes dentro de salas de aula com alunos de faixa etária e séries diferentes.

A formação de turmas multisseriadas é muito comum principalmente em localidades distantes da sede do município e com uma quantidade reduzida de habitantes, onde não há alunos em número suficiente para formar uma turma seriada.  

PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM TURMAS MULTISSERIADAS 

Quando se trata das práticas de avaliação na educação multisseriada o tema ainda é considerado uma polêmica no processo de ensino-aprendizagem, é necessário que os professores adotem métodos avaliativos específicos para esta realidade de ensino. Esteban (2008) ressalta que “as práticas avaliativas em sala de aula ainda estão restritas a atribuição de uma nota, que avalia apenas o que o aluno aprendeu e não aprendeu do conteúdo didático” (p.11). Fato que Hoffmann (2011) cita que acontece devido ser dada ênfase no ponto de vista do professor, em contraposição ao agir e pensar dos alunos, evidenciando os resultados finais, em vez da análise das formas de aprendizagens.

Ao compreendemos a avaliação como um procedimento intrínseco do processo ensino aprendizagem, que possui um caráter de instrumento dialético de transformação social conseguimos evidenciar o quanto esse processo precisa ser trabalhado em escolas com salas multisseriadas, devido sua organização apresentar diferentes séries em único espaço. Nesse sentido, a avaliação ganha significado quando é um ato de caráter investigativo do desempenho e da compreensão do estudante (Lukesi, 2011).

Porém, vale ressaltar a importância de um planejamento da ação educativa, no processo avaliativo, onde pensar em uma Educação flexível que permita adequar o processo pedagógico ao desenvolvimento do estudante é muito importante, pois permite ao mesmo desenvolver suas potencialidades que ficarão mais evidentes na avaliação, (HOFFMAN, 2021).

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