EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: combater o analfabetismo

Desde os primeiros movimentos pela implementação da Educação de Jovens e Adultos, a proposta apresentada nos documentos e instalada na prática foi a de combater o analfabetismo.

Parte da população de jovens e adultos na sociedade brasileira viveu e vive ainda hoje sem direitos sociais e políticos, direitos esses vigentes na atual Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. 

 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.

DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 62. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

DOS DIREITOS POLÍTICOS

§ 1º [Art. 74] O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a)    os analfabetos;

b)    os maiores de setenta anos;

c)    os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

A Constituição Brasileira declara que todos os brasileiros em direitos sociais, entre eles, o direito à educação. Em relação os direitos políticos, a Carta Magna determina que o voto é facultativo ao analfabeto, isto é, ele pode votar ou não.

O termo analfabeto, presente na Constituição Brasileira, consagra a existência, em nosso país, de uma parcela da população que se enquadra nessa categoria. O analfabetismo é uma realidade da nossa sociedade, confirmado no documento que rege a vida dos/as cidadãos/ãs deste país. Combater o analfabetismo passa a ser uma forma de dar a todos os direitos que a sociedade lhes tem negado há anos.

O histórico da legislação e da prática da EJA foi sempre apoiado na questão do analfabeto. A documentação revela que aprender a ler e a escrever é uma preocupação antiga e que passa a ser vista como um problema nacional. Essa percepção nos chega, principalmente, após 1940 e se estende até nossos dias.

O analfabetismo continua, no discurso oficial, sendo a causa das diferenças sociais entre a população. Entretanto, ao se ignorar que as pessoas sem condições de acesso à leitura e à escrita perdem um direito precioso, deve-se pensar que essa perda é ainda maior, pois faz o indivíduo deixar de usufruir de outros direitos, entre eles, o direito ao voto e a sua representatividade como cidadão político.

Ao estudarmos historicamente a Educação de Jovens e Adultos, percebemos que o governo teve o analfabeto como foco dos programas. Para que esse indivíduo tivesse melhor participação na sociedade, bastava que ele se alfabetizasse. Mesmo com essa preocupação, os cursos oferecidos e os recursos de que se dispunham eram frágeis, pois ofereciam ao adulto um ensino semelhante ao da criança, esquecendo e ignorando que o adulto tem conhecimentos adquiridos pela vida.

As situações político-econômicas foram responsáveis pelas ações educacionais e suas práticas. O objetivo, em grande parte dessas ações, foi o de instalar um projeto político educacional voltado para alguns interesses que favorecessem a posição do Brasil em relação aos seus parceiros internacionais.

As definições de EJA

A EJA, desde sua criação, foi considerada um problema causado pelas dificuldades geradas pelo sistema de ensino regular no Brasil. Esse fato fez com que a educação de jovens e adultos fosse entendida como um curso que teria a finalidade de complementar os estudos perdidos educação regular.

Sem dúvida, a EJA é mais do que isso, é um direito dado aos jovens egressos do ensino regular e aos adultos que nunca tiveram escolaridade de serem resgatados para a vida escolar.

Existem alguns termos que são empregados para caracterizar uma clientela de jovens e adultos sem escolaridade, como educação de adultos, educação não formal, educação popular e educação profissional.

·         educação de adultos, termo empregado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), uma agência das Nações Unidas, fundada em 4 de novembro de 1946, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações;

·         educação não formal, termo que foi difundido na América Latina e que entendia a educação de jovens e adultos como sendo vinculada a organismos não governamentais, entre eles empresas que alfabetizavam seus funcionários.

·         educação popular, que é caracterizada pela compreensão contrária à educação de adultos impulsionada pelos organismos oficiais, surgindo nos espaços em que a necessidade dos grupos aflora e o Estado não tem intenção nem força para atuar. A educação popular apoia o respeito aos saberes populares.

·         educação profissional, com o processo de industrialização e a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em 1942, a expressão passa a ser vislumbrada como importante veículo para que os cidadãos tivessem acesso às conquistas tecnológicas da sociedade como um todo, instrumento de apropriação do saber tecnológico. Nesse momento, a qualificação profissional passa a se instituir dentro da EJA.