A GESTÃO ESCOLAR

O termo "Gestão", "Originário do latim gestione, refere-se à ação e ao efeito de gerir ou de administrar". (OLIVEIRA; MENEZES, 2018, p. 4). É um conceito muito associado à concepção administrativa, no entanto, atualmente, responde melhor às concepções modernas, considerando os recursos humanos que compõem a escola.

Para Luck (2013, p. 109):

Ao se adotar o conceito de gestão, assume-se uma mudança de concepção a respeito da realidade e do modo de compreendê-la e de nela atuar. Cabe ressaltar, portanto, que, com a denominação de gestão, o que se preconiza é uma nova óptica de direção e organização de instituições, tendo em mente, a sua transformação e de seus processos.

Nesse contexto, conceitualmente, a gestão escolar está associada ao compartilhamento de ideias e participação social no processo de organização e funcionamento da escola (SANTOS FILHO, 1998). Para aprofundarmos essa conceituação, destacamos as concepções de “gestão” e “gestão escolar” na perspectiva de Dourado (2012, p. 61):

Gestão:

·         Forma de planejar, organizar, dirigir, controlar e avaliar um determinado projeto;

·         Sinônimo de administração, visa à racionalização de recursos materiais, recursos humanos e tem por meta o alcance de uma determinada finalidade.

Gestão Escolar:

·         Forma de organizar o trabalho pedagógico, que implica visibilidade de objetivos e metas dentro da instituição escolar;

·         Implica gestão colegiada de recursos materiais e humanos, planejamento de suas atividades, distribuição de funções e atribuições, na relação interpessoal de trabalho e partilha do poder;

·         Diz respeito a todos os aspectos da gestão colegiada e participativa da escola e na democratização da tomada de decisões.

Para Luck (2009, p. 24):

Gestão escolar é o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto político-pedagógico e compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências), de participação compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados) e autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações).

Com a Constituição Federal de 1988, os princípios da gestão democrática são institucionalizados na Educação brasileira, e agora a gestão para uma

A gestão escolar democrática e a qualidade social da educação

A Constituição Federal de 1988 apresenta vários princípios que orientam o ensino, entre eles destacamos o VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei, e o VII - garantia de padrão de qualidade. Assim, após a promulgação da Carta Magna, a educação brasileira apresenta dois desafios: implantar a gestão democrática e assegurar uma educação de qualidade social.

A atual LDBEN, em seus artigos 14 e 15, apresenta as seguintes determinações sobre a gestão democrática:

Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

·         Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

·         Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

No Plano Nacional de Educação (PNE - Lei nº 13.005/2014), a gestão democrática encontra-se na meta 19, que estabelece que os sistemas de ensino devem:

·         Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública `comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto (BRASIL, 2014).

Na legislação, a gestão democrática encontra-se assegurada por meio de princípios e metas. No entanto, na prática, o que se tem observado é a centralidade de decisões tanto da gestão educacional, representada pelas instâncias maiores como o Ministério da Educação e as Secretarias, quanto pela gestão escolar na figura do gestor.

Em pleno século XXI, a sociedade espera que escolas como instituições formadoras de cidadãos ponham em prática os princípios da gestão democrática-participativa. Para isso, existem vários instrumentos que auxiliam nesse processo, e que serão abordados mais adiante. Quanto à garantia do padrão de qualidade posto pela Constituição Federal, precisamos problematizar a questão:

O que é qualidade?

Quais elementos fazem diferença nos resultados de aprendizagem dos estudantes?

[...] a qualidade da escola para todos, entendida como qualidade social, implica garantir a promoção e atualização histórico-cultural, em termos de formação sólida, crítica, ética e solidária, articulada com políticas públicas de inclusão e de resgate social (DOURADO; OLIVEIRA, 2009, p. 211).

Compreendemos que para a gestão democrática, a qualidade da educação apresenta-se como um desafio continuo, mesmo com as conquistas já alcançadas e a existência de mecanismos de democratização como o conselho escolar e outras instâncias colegiadas.

Gadotti (2013, p.1) traz uma abordagem de qualidade na perspectiva social. Para esse autor, “falar em qualidade social da educação é falar de uma nova qualidade, onde se acentua o aspecto social, cultural e ambiental da educação, em que se valoriza não só o conhecimento simbólico, mas também o sensível e técnico.”

Qualidade no âmbito educacional não está dissociada da qualidade de vida das pessoas. A qualidade da escola deve ser acompanhada da qualidade do professor, do aluno e da comunidade escolar. Por isso, qualidade torna-se um assunto bastante complexo, pois não basta resolver apenas um aspecto da educação para que ela seja de qualidade (GADOTTI, 2013).

Entre os elementos que interferem na qualidade do ensino, pesquisas levantadas por Pinto, Silva e Neto (2016) apontam para:

• Sistema educativo;

• Políticas educativas;

• Autonomia da escola;

• Contexto socioeconômico e cultural familiar;

• Cultura escolar;

• Desempenho dos professores;

• Características dos estudantes;

• Uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC).

Libâneo (2011, p. 302-303) acrescenta ainda como fatores diferenciais para a qualidade do ensino e o desempenho dos alunos:

• O projeto pedagógico curricular com plano de trabalho bem definido;

• Bom clima de trabalho com uma gestão que busque o empenho de todos;

• Boa organização do processo de ensino e aprendizagem;

• Papel significativo da gestão e coordenação;

• Disponibilidade de condições físicas e materiais;

• Conteúdos bem selecionados;

• Disponibilidade da equipe para aceitar inovações;

• Capacidade de liderança dos gestores escolares;

• Práticas de gestão participativa.

Diante do contexto exposto, cabe consideramos que os sistemas educacionais têm apostado unicamente no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) como medidor da qualidade da educação. Por se tratar do índice oficial utilizado pelo Estado brasileiro, torna-se um parâmetro importante de ser considerado, porém, "é a escola como um todo que deve responsabilizar­ se pela aprendizagem dos alunos", (LIBÂNEO, 2011, p, 304), O ldeb mensura o desempenho dos alunos em habilidades especificas de língua portuguesa e matemática, e representa o que podemos chamar de "ponta do iceberg".

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